25 de setembro de 2014

Comunicação apresentada no VI Congresso de História da Bahia

No último dia 23 de setembro de 2014, apresentamos a comunicação: "Música, ornamentação e paramentos nas festas religiosas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, da cidade de São Paulo, nos séculos XVIII e XIX", durante o VI Congresso de História da Bahia.
Abaixo, o resumo selecionado e algumas imagens do evento que contou com platéia de ouvintes em todas as comunicações.

RESUMO: No universo das festas coloniais brasileiras, as procissões constituem um universo em que se integram as linguagens imagética e sonora, por “manchas de cores e blocos de sons, na integração indissociável de uma experiência de simultaneirdade e efêmera completude do instante” (MONTES, 1998, p. 378). Essa experiência sensorial tão conhecida e relatada por textos de viajantes pelo Brasil colonial também teve expressão na então pequena vila de São Paulo do século XVIII principalmente nas realizadas pela Ordem Terceira de São Francisco, cujos relatos chegaram até os dias atuais através da documentação preservada nos arquivos da irmandade.
Entre as festas populares, a da Quarta-Feira de Cinzas, instituída “em 7 de outubro de 1686” pelas ordens terceiras penitentes é a que mais atraiu os olhares dos provincianos paulistas, pois era “(...) espetáculo vistoso para o povo, porque os quinze e mais andores não conduziam apenas imagens de santos ricamente paramentados, mas muitas representações, como o andor da Cúria ou do Pontífice (...)”. (ORTMANN, 1951, p. 114). Ortmann salienta que no Brasil, a festa de Quarta-Feira de Cinzas foi uma “(...) particularidade exclusiva das fraternidades da Ordem Terceira da Penitência e sempre distinguia-se, onde era celebrada, por sua imponência prestigiosa”. (ORTMANN, 1951, p. 115)
Para Correa (1990) as festas barrocas podem ser vistas como práticas de poder, dadas as relações políticas implicadas: das autoridades aos autorizados. O autor ainda nos lembra de traços específicos, como a arquitetura efêmera, o papel dos ornamentos (andores, carruagens, naves processionais), relatados nas relaciones, listas dos acontecimentos de cada festa. Além destas questões, novos estilos arquitetônicos e decorativos eram introduzidos a partir do uso dos ornatos, tecidos, pinturas, entre outros componentes destas arquiteturas efêmeras.
Aqui tomamos com base para estudos iniciais os recibos de pagamento de ornamentação e pinturas de andores a José Patrício da Silva Manso, em abril de 1784, e do serviço de música ao mestre de capela e compositor da Sé de São Paulo, André da Silva Gomes que realizou diversos trabalhos para a Ordem Terceira de São Francisco. Além dos recibos, recorremos às imagens do acervo fotográfico como fontes de informações por registrarem o uso do pálio e os varões em uma procissão, bem como a cobertura do altar de Santa Isabel de Hungria, em pleno início do século XX, onde inferimos que a permanência e a importância das festas, faziam parte do imaginário do paulistano da São Paulo dos espigões e automóveis.
Desta forma, propomos um estudo do uso dos têxteis como ornamentos e arquiteturas efêmeras, da ornamentação dos andores como parte do trabalho de artistas já reconhecidos e da música de compositores locais, envolvidos na produção das festas, como as procissões.



SANTOS, Antônio Carlos dos[1], SALOMÃO, Myriam[2] e CONCEIÇÃO, Rosângela Ap. da[3]. Música, ornamentação e paramentos nas festas religiosas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência da cidade de São Paulo nos século XVIII e XIX. VI Congresso de História da Bahia, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Salvador.


[1] Doutorando da FCL- UNESP de Assis/SP, mestre em Ciências Socais pela UNESP, professor, pesquisador e educador musical no Colégio Santo Américo (Mosteiro São Geraldo de São Paulo). E-mail: antoniosantos.santos@bol.com.br
[2] Doutoranda da FAU-USP com bolsa CAPES, mestre em Artes Visuais – IA/UNESP e professora do curso de Design do Centro de Artes da UFES. E-mail: myriamsalomao@gmail.com
[3] Bacharelada (2009) e licenciada (2010) em Artes Visuais, mestre em Artes (2011-2013) pelo Instituto de Artes da UNESP. Técnica em Desenho de Comunicação (2003) e Design de Interiores (2005) pela ETEC Carlos de Campos. E-mail: rosangelaap@gmail.com


FOTOS DO EVENTO:















23 de setembro de 2014 - 5ª Sessão de comunicações
Bianca Silva Lopes Costa, Myriam Salomão, Rosângela Ap. da Conceição, Ana Palmira Bittencourt Casimiro (coord.) e Marcos Santana.  














Myriam Salomão.


Rosângela Ap e Myriam Salomão.


Público presente na 5ª sessão de comunicações.

15 de setembro de 2014

Programação oficial: VI Congresso de História da Bahia


INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA
VI CONGRESSO DE HISTÓRIA DA BAHIA
Festa e comida: homenagem aos 120 anos do IGHB
Othon Palace Hotel
22 a 24 de setembro de 2014

PROGRAMA  

Dia 22 – segunda-feira

8:00h – Recepção e credenciamento

8:30h – Abertura dos trabalhos
Pronunciamentos:
Consuelo Ponde de Sena  - Presidente do IGHB
Antônio Albino Canelas Rubim - Secretário de Cultura do Estado da Bahia
Guilherme Bellintani - Secretário Municipal de Desenvolvimento, Turismo e Cultura
José Euclimar Xavier de Menezes - Pró-Reitor de Pós-Graduação da UCSal

10:00h – Pausa para café

10:15h - 1ª Sessão de comunicações
Ruy Medeiros – Festejos de Nossa Senhora das Vitórias em Vitória da Conquista: manutenção do mito fundacional
Rita de Cássia Santana de Carvalho Rosado - A festa de São Nicodemus: padroeiro dos trabalhadores do porto de Salvador
Coordenação: Maria Helena Ochi Flexor

11:00h – Mesa redonda 1 – Festa e comida espiritual e religiosa
Gabriel Frade – “Eis o pão dos anjos”: a Eucaristia cristã e seu desenvolvimento ao longo da história
Antónia Fialho Conde – Dois ciclos solenes da liturgia católica aos quotidianos monásticos: a magia do açúcar nos espaços claustrais portugueses
Coordenação: Ana Palmira Bittencourt S. Casimiro

12:00h – Almoço

14:00h – 2ª Sessão de comunicações
Maria Conceição Barbosa da Costa e Silva – Uma festa na quadra natalina de 1760
Maria Eunice Rosa de Jesus – A festa de São Sebastião na comunidade do Mulungu: restabelecendo os laços de sociabilidade
Ailton Batista da Silva – O banho de cachaça na imagem do Senhor dos Paços de Morro Vermelho: convergência entre patrimônio e imaterial
Coordenação: Maria Conceição Barbosa da Costa e Silva

15:00h – 3ª Sessão de comunicações (2)
Ailton Batista da Silva – “A comida fala”. A culinária como elemento representativo e fundamental da festa da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte de Minas Gerais
Belinda Maria de Almeida Neves – Elementos do banquete antropofágico nos altares da igreja dos jesuítas em Salvador/BA
Coordenador: Vanessa Brasil Campos Rodriguez

15:45h – Pausa para café

16:00h – Mesa redonda 2: Festas baianas
Mariely Santana – Devoção, diversão e rito: a festa na construção e preservação do patrimônio cultural
Edilece Couto – Bárbara e Iansã: festa afro-católica de Salvador
Armando Castro – Irmãs de fé: festa e turismo em Cachoeira
Paulo Miguez – Carnaval baiano: algumas considerações sobre políticas e mercado
Coordenação: Linda Rubim

Dia 23 – terça-feira

9:00h – 4ª Sessão de comunicações
Mércia Socorro Ribeiro Cruz – A comida, a festa e suas celebrações: na rua, nos tabuleiros, na mesa e na memória do povo
Iraildes Mascarenhas – Festa e comida na Bahia
Alinne Suanne Araújo da Silva Torres – Mídia e política na festa dos vaqueiros de Curaçá/BA
Cleidiana Ramos – A cidade festiva sob a ótica de fotojornalistas do jornal A Tarde
            Coordenação: Ruy Medeiros

10:00h – Pausa para café

10:15h – 5ª Sessão de comunicações
Marcos Santana – Maravilha sonora do Brasil: órgãos, organistas e organeiro na Bahia
Antônio Carlos dos Santos, Myriam Salomão, Rosângela Ap. da Conceição Música, ornamentação e paramentos nas festas religiosas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, da cidade de São Paulo, nos séculos XVIII e XIX
Bianca Silva Lopes Costa – Os diferentes significados de viver a festa: a festa de Nossa Senhora do Rosário em Itaberaba/BA
Coordenação: Ana Palmira Bittencourt Casimiro

11:15h – Conferência
Kazadi wa Mukuna – A origem africana do samba: mito ou realidade?
Coordenação: Consuelo Pondé de Sena

12:00h – Almoço

14:00h – 6ª Sessão de comunicações
Marcos Ferreira Gonçalves – Jantar no Clube Português com roupa domingueira: cultura de comer e vestir na Bahia (1950-1960)
Caio Cesar Tourinho-Marques – Um almoço no Berquó
Lívia Liberal de Matos Reis, Rafaela Evangelista Campos, Vitor de Athayde Couto – Pãozinho Delícia: patrimônio imaterial da Bahia?
Coordenação: Caio Cesar Tourinho-Marques

15:00h – 7ª Sessão de comunicações
Amilcar Baiardi, Rozangela Barbosa Andrade – A alimentação e o estilo de vida nas raízes da resistência em Canudos
Elizabeth Neves, Aline Moutinho, Vilson Caetano de Souza Júnior – Chapada Diamantina e a culinária do garimpo
Coordenação: Amilcar Baiardi

15.45h – Pausa para café

16:00h – Mesa redonda 3 – Festa e comida luso-brasileira
Maria Beatriz Nizza da Silva – Cotidiano em festa: práticas alimentares na Bahia no fim do período colonial
Leila Algranti – Rituais festivos e alimentação no Império português: Rio de Janeiro e Braga nos séculos XVIII-XIX
Márcia Graf – Barreado: uma herança açoriana na culinária brasileira
Ordep Serra – Transformações das festas populares em Salvador e no Recôncavo Baiano
Coordenação: Ordep Serra

Dia 24 – quarta-feira

9:00h – 8ª Sessão de comunicações
Ana Palmira Bittencourt S. Casimiro, Camila Nunes Duarte Silveira, Maria Cleidiana Oliveira de Almeida – A Procissão de Cinzas dos Terceiros franciscanos da Bahia: festa ou penitência barroca?
Rennan Pinto de Oliveira – A relação entre a festa da Senhora Sant’Ana e o “público”
Raimundo Pinheiro Venâncio Filho, Maria Helena Ochi Flexor – Romaria e festa: o sagrado e o profano em Monte Santo, sertão da Bahia
Coordenação: Raimundo Pinheiro Venâncio Filho

10:00h – Pausa para café

10:15h – 9ª Sessão de comunicações
Francisco Alfredo Morais Guimarães – Farinha de copioba, tapioca, puba e aipim: saberes da roça, lições da floresta cultural e do mito de Mani
Joseni França Oliveira Lima, Karla Vila Nova Figueiredo – O acarajé ao longo do tempo: uma breve história
Almir C. El-Karek – A feijoada é uma festa
Coordenação: Consuelo Pondé de Sena

11:15h – Conferência
Lourdes Bravo da Costa – Descobrimentos portugueses e a sua influência na comida goesa
Coordenação: Maria Helena O. Flexor

12:00h – Almoço

14:00h – 10ª Sessão de comunicações
Magnair Barbosa – “Careta”: a tradição dos mascarados em Maragogipe
Antonietta d’Aguiar Nunes – As festas populares baianas e seus ciclos
Eunice Ribeiro dos Santos – A “traição” da tradição nas festas da Bahia
Carlos Alberto Caetano, Disalda Mara Teixeira Leite – Aspectos hegemônicos de cultura do dendê na culinária baiana
Coordenação: Antonietta d’Aguiar Nunes
           
15:00h – 11ª Sessão de comunicações         
Alan Santos Passos – Apologia da História: o uso público do passado no cortejo comemorativo do IV Centenário de Salvador (Bahia, 1949)
Paulo Roberto Leandro – A construção do clássico BA-VI nas páginas dos jornais de Salvador: o lúdico e a festa do futebol como manifestação cultural dos baianos
Vanessa Brasil, Amanda Moreira Lima – Gastronomia e erotismo no Paraíso
Coordenação: Vanessa Brasil Campos Rodriguez

15:45h – Paula para café

16:00h – Mesa redonda 4 – Comida baiana
André de Almeida Rego – Culinária dos índios da Bahia: Colônia e Império
Vilson Caetano de Souza Júnior – Os santos e suas comidas na cidade do Salvador
Guilherme Radel – Os mitos da cozinha afro-brasileira
José Ronaldo Teixeira – A importância da culinária sertaneja na Bahia. A Bahia além do dendê
Coordenação: Guilherme Radel

18:00h – Lançamento do livro “120 anos do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”

18:30h - Encerramento

Mais informações em: http://www.ighb.org.br/