No último dia 23 de setembro de 2014, apresentamos a comunicação: "Música, ornamentação e paramentos nas festas religiosas da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, da cidade de São Paulo, nos séculos XVIII e XIX", durante o VI Congresso de História da Bahia.
Abaixo, o resumo selecionado e algumas imagens do evento que contou com platéia de ouvintes em todas as comunicações.
RESUMO: No universo das festas coloniais brasileiras, as procissões constituem um universo em que se integram as linguagens imagética e sonora, por “manchas de cores e blocos de sons, na integração indissociável de uma experiência de simultaneirdade e efêmera completude do instante” (MONTES, 1998, p. 378). Essa experiência sensorial tão conhecida e relatada por textos de viajantes pelo Brasil colonial também teve expressão na então pequena vila de São Paulo do século XVIII principalmente nas realizadas pela Ordem Terceira de São Francisco, cujos relatos chegaram até os dias atuais através da documentação preservada nos arquivos da irmandade.
Entre as festas populares, a da Quarta-Feira de Cinzas, instituída “em 7 de outubro de 1686” pelas ordens terceiras penitentes é a que mais atraiu os olhares dos provincianos paulistas, pois era “(...) espetáculo vistoso para o povo, porque os quinze e mais andores não conduziam apenas imagens de santos ricamente paramentados, mas muitas representações, como o andor da Cúria ou do Pontífice (...)”. (ORTMANN, 1951, p. 114). Ortmann salienta que no Brasil, a festa de Quarta-Feira de Cinzas foi uma “(...) particularidade exclusiva das fraternidades da Ordem Terceira da Penitência e sempre distinguia-se, onde era celebrada, por sua imponência prestigiosa”. (ORTMANN, 1951, p. 115)
Para Correa (1990) as festas barrocas podem ser vistas como práticas de poder, dadas as relações políticas implicadas: das autoridades aos autorizados. O autor ainda nos lembra de traços específicos, como a arquitetura efêmera, o papel dos ornamentos (andores, carruagens, naves processionais), relatados nas relaciones, listas dos acontecimentos de cada festa. Além destas questões, novos estilos arquitetônicos e decorativos eram introduzidos a partir do uso dos ornatos, tecidos, pinturas, entre outros componentes destas arquiteturas efêmeras.
Aqui tomamos com base para estudos iniciais os recibos de pagamento de ornamentação e pinturas de andores a José Patrício da Silva Manso, em abril de 1784, e do serviço de música ao mestre de capela e compositor da Sé de São Paulo, André da Silva Gomes que realizou diversos trabalhos para a Ordem Terceira de São Francisco. Além dos recibos, recorremos às imagens do acervo fotográfico como fontes de informações por registrarem o uso do pálio e os varões em uma procissão, bem como a cobertura do altar de Santa Isabel de Hungria, em pleno início do século XX, onde inferimos que a permanência e a importância das festas, faziam parte do imaginário do paulistano da São Paulo dos espigões e automóveis.
Desta forma, propomos um estudo do uso dos têxteis como ornamentos e arquiteturas efêmeras, da ornamentação dos andores como parte do trabalho de artistas já reconhecidos e da música de compositores locais, envolvidos na produção das festas, como as procissões.
SANTOS, Antônio Carlos dos[1], SALOMÃO, Myriam[2] e CONCEIÇÃO, Rosângela Ap. da[3].
[1] Doutorando da FCL- UNESP de
Assis/SP, mestre em Ciências Socais pela UNESP, professor, pesquisador e
educador musical no Colégio Santo Américo (Mosteiro São Geraldo de São Paulo).
E-mail: antoniosantos.santos@bol.com.br
[2] Doutoranda da FAU-USP com bolsa
CAPES, mestre em Artes Visuais – IA/UNESP e professora do curso de Design do
Centro de Artes da UFES. E-mail: myriamsalomao@gmail.com
[3] Bacharelada (2009) e licenciada
(2010) em Artes Visuais, mestre em Artes (2011-2013) pelo Instituto de Artes da
UNESP. Técnica em Desenho de Comunicação (2003) e Design de Interiores (2005)
pela ETEC Carlos de Campos. E-mail: rosangelaap@gmail.com
FOTOS DO EVENTO:
23 de setembro de 2014 - 5ª Sessão de comunicações
Bianca Silva Lopes Costa, Myriam Salomão, Rosângela Ap. da Conceição, Ana Palmira Bittencourt Casimiro (coord.) e Marcos Santana.
Myriam Salomão.
Rosângela Ap e Myriam Salomão.
Público presente na 5ª sessão de comunicações.
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