A matéria "C’è un paesaggio dietro quel Raffaello" de Arturo Carlo Quintavalle, publicada pelo Corriere della Sera, em 23 de dezembro, traz discussões sobre a descoberta de pintura de paisagem contida sob a 'Madonna del Granduca', pintada por Rafael Sanzio, em 1504.
Atualmente, na imagem que vemos, a figura da Virgem segurando o Menino Jesus está sobre um fundo escuro, negro. De acordo com a verificação a partir da análise radiográfica, feita pelo Opificio di Firenze, nota-se que o fundo era composto por uma balaustrada atrás da Virgem, colunas à sua direita e à esquerda, atrás do Menino, além da paisagem também à esquerda.
Uma cópia datada de 1803, apresenta o fundo negro. Há dúvidas sobre este fundo, se fora fruto de retoques sucessivos, ou se Rafael decidiu mudar a composição, presentes nos esboços em papel. A análise dos elementos químicos sugere que este é posterior a pintura de 1504. O quadro em estudo seria um dos últimos a mostrar o diálogo com Leonardo Da Vinci, período correspondente a estada de Rafael, em Florença.
Ainda, segundo o artigo, pinturas de Rafael posteriores a 1505, apresentam as diversas Madonas com fundos onde a paisagem aparece, uma delas é a Madonna of Belvedere (Madonna del Prato), de 1506.
O projeto de restauro, curado por Alessandro Cecchi e Marco Ciatti, coloca em questão um problema frequente na hora de se decidir sobre a interferência na busca do original e a imagem já conhecida, ou seja, um problema não só da ordem da restauração, mas histórico, pois há toda história constituída da obra e sua circulação, entre outros, a serem refletidos pela equipe responsável.
Resta apontar que há diversas escolas e linhas no campo da restauração. Na atualidade brasileira, várias igrejas passam por restauros, cujas interferências podem resultar em trabalhos de excelência e cuidado no que se refere ao já conhecido e o seu original. O que não se pode perder de vista é que uma interferência realizada sem critérios e estudos claros (materiais integrados e reversibilidade, técnicas aplicadas), pode apagar a história do patrimônio, um dano inestimável e, em muitos casos irrecuperável.
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